omissões
Tuesday, September 16, 2014
a nordeste daqui
Lembrar
E ainda guarda as saudades do que ainda não fomos.
Tudo menos eu
Sunday, October 24, 2010
sentir
Monday, September 27, 2010
in maturitat in teresse
o sol lentamente flutua nas margens do dia.
despe o meu corpo corsário, seca-me a veia maruja,
morde-me o peito aos ais, das brigas, dos punhais."
"andamos nus e descalços, amantes, sedentos
se o véu da noite se deita na curva do tempo.
ai lua nova de Outubro,
os medos são medos das chuvas e ventos,
da alma a segredar, da boca a murmurar
adeus"
a ilha, do Fausto
Sunday, September 26, 2010
meia-canseira
Saturday, September 25, 2010
amar e ao mar
Acho que está na hora de fazer as malas. Acho mesmo.
Acho que está, finalmente, na altura, de exorcizar os demónios, condenar os fracassos, e rumar, para onde quer que seja. De pegares na trouxa, e zarpares. Içares velas, medires os ventos, sentires a brisa, o trautear das gaivotas.
Não podes tomar o medo das ondas pelo medo das tempestades, nem o medo do azul longínquo pelo medo do rebentar das vagas.
Ondas vão; ondas voltam.
Navios afundam, marinheiros perdem-se, brisas partem e não voltam mais.
O mar, azul, esse, fica lá; e não foge.
O horizonte, inóspito e desafiante, esse, não se esconde.
O pôr-do-sol, bravio e fulgurante, esse não desiste de ti.
Ondas vão; ondas voltam.
O sal queima no toque da pele, trazendo saudades de mergulhos e voos razantes. Há pegadas na areia, cordames que nunca saíram do cais; amarras que nunca tocaram a proa, e arpões que jazem no convés. A popa está virada a Oriente, como que de que cara voltada ao mundo, à luta no azul grande.
As redes estão secas, e os motores que vieram substituir as velas de outrora, estão secos e encostados.
Por isso basta.
Ondas vão; ondas voltam.
Está na hora de partir, sem pensar mais no outrora; de encostar a cabeça ao vento e deixar o coração torcer o leme.
Thursday, September 23, 2010
mau tempo
Dizes que ainda não é tempo; que já cá estiveste as vezes que te bastassem para a altura.
Contudo, dizem-me as flores do meu jardim, que para ti abrem as suas pétalas ás primeiras horas da manhã, que tu tens andado por aí.
Ages como se quisesses fazer notar tua presença, sem querer, pelo contrário, ser notado.
Estranho? Sim, estranho. Nome e verbo.
Não é a primeira vez que, ao acordar, ainda vejo o teu rasto, antes das nuvens terem sequer tempo de o ocultar de mim. Participas com uma passividade activa nesse papel que ainda não me revelaste.
Mesmo assim, todo os dias, acordo á tua espera Sol; mas, ultimamente não tens vindo.
Mandaste-me em teu lugar uma nubilidade nublada.
Deixaste-me entregue ao cinzento, á chuva, e aos ventos inabaláveis.
Quando saio para a rua são, agora, eles quem me recebem, ao contrário de outrora, quando me desejavam os bons-dias, os teus raios, o teu calor, a tua luz.
Tudo isso vale a pena acordar, vale a pena aspirar por amanhã, pelas horas da madrugada, pelo raiar do dia. Vale a pena saltar do calor da cama, para buscar um outro calor que vem de dentro para fora. Um calor tão intenso, num fluxo tão constante, que nem nos deixa perceber se é de mim para ti ou de ti para mim.
Será, tudo isto, porque tens feito o que não sentes, ou, porque não tens feito o que sentes?'