Thursday, September 09, 2010

Igor

foi então que me tornei o que agora sou. um mago, um operacional eternamente jovem. que ama toda a gente... e ninguém em especial. tomei a decisão de não amar ninguém. nunca mais. amigas são amigas, mas amor...
isso é outra coisa, uma coisa à parte. não se pode amar uma pessoa quando ela é fraca; não se pode amar um ser diferente: se não é inimigo, é camarada de armas. impus a mim próprio este principio de vida. e respeito-o como posso. como se continuasse a ser até hoje o jovem que regressou da frente e acha que ainda é cedo para se apaixonar. uma coisa é ir a um baile com uma miúda... ou dar pulos numa discoteca, sob luz ultravioleta...
não vejo qualquer diferença entre jazz, rock ou trash, tanto me faz se as saias são curtas ou compridas, tanto me faz de que fios são feitas as meias... é sempre bom. tem razão de ser, tem mesmo. viste peter pan, o filme americano? bom, tornei-me como ele. só que em vez de ser um rapazinho parvo, sou um rapagão parvo. senti-me bem assim... durante muito tempo.
de uma certa maneira, já vivi o tempo de uma vida humana. não tenho razoes de queixa: nem da velhice impotente, nem de quaisquer outros problemas. portanto não te rales, seria perder tempo.

percorri o meu caminho até ao fim. não estejas triste.
eu entendo, vieste com a ideia de me acordar para a vida, de tirar ideias parvas da minha cabeça, de cumprir a tua missão. mas não vai resultar. na realidade, eu apaixonei-me por um ser das trevas, matei-a e matei-me a mim próprio, foi isso o que aconteceu.
somos seres diferentes. aguentaremos. quero falar mais. chorar no ombro de alguém.
comecei a ter medo da escuridão, acreditas?

serguei lukiánenko, in os guardiães do dia (adaptado)