Monday, February 15, 2010

Daily entry 2.05

"E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar
E vendo,
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças." M.T.



Há quem fale tristeza quando está triste. Eu falo tristeza quando estou lúcido.
Quando tenho consciencia do que sou e do que nunca hei-de ser.
Aliás. a tristeza bem orquestrada é uma boa forma de estar e viver.
Eu montei arraiais.
A tristeza é a única parte do saque que nos cabe inteiramente a nós.

Se perguntarem por mim, digam que sou vil. Que sou cruel, fugaz e impreciso.
Digam que sou intolerante, cego e imperfeito. Torto. Desregrado.

Assim, se alguém me encontrar amar-me-á mais.
Ao conhecer e reconhecer o que sou e o que nunca hei-de ser.
Ao ver o que o tempo me tornou e não devolveu.
Á má imagem, verá o que uma ténue luz não esconde.
Ver-me-á a mim.


O fogo desta cidade já não me apaixona.