Friday, February 05, 2010

Daily entry 2.4

Houve tempo e houve espaço; soube bem. O vento sopra mais fraco e parece que a chuva trouxe um ar mais quente a estas paragens. Senti o calor da pele e isso fez-me sentir vivo, uma vez mais.
A China já não parece tão longe e já não tenho tanto temor em pisar o Polo Norte.

A vida sempre foi turva, e eu sempre o soube. Não sabia era ver além desse periscópio baço.
Agora percebi como se vê com os sentidos, e mais que acreditar, sem por onde é o caminho.
Já vivi seis das minhas sete vidas de gato; falta-me uma. E é essa que busco agora.
Ela está mais perto, e talvez nunca tenha partido.


" (...)

Temos todos duas vidas:
A verdadeira, que é a que sonhamos na infância,
E que continuamos sonhando, adultos, num substrato de névoa;
A falsa, que é a que vivemos em convivência com outros,
Que é a prática, a útil,
Aquela em que acabam por nos meter num caixão.

Na outra não há caixões, nem mortes,
Há só ilustrações de infância:
Grandes livros coloridos, para ver mas não ler;
Grandes páginas de cores para recordar mais tarde.
Na outra somos nós,
Na outra vivemos;
Nesta morremos, que é o que viver quer dizer;
Neste momento, pela náusea, vivo na outra...

(...) " A.C.
Hoje vou lhe dar uma caixa cheia de pedidos de desculpa.