Tuesday, June 15, 2010

assim.

'o cansaço de todas as ilusões e de tudo que há nas ilusões - a perda delas, a inutilidade de as ter, o antecansaço de ter que as ter para perdê-las, a mágoa de as ter tido, a vergonha intelectual de as ter tido sabendo que teriam tal fim.
a consciência da inconsciência da vida é o mais antigo imposto à inteligência. há inteligências inconscientes - brilhos do espírito, correntes do entendimento, mistérios e filosofias - que têm o mesmo automatismo que os reflexos corpóreos, que a gestão que o fígado e os rins fazem de suas secreções.'
bernardo soares.



é preciso, acima de tudo, ter o coração de metro e meio e um orgulho de meio palmo.
saber que tudo é o principio e o resto de algo, que tudo é o inicio e o fim de uma outra coisa. pensar no de onde vem, e no p'ra onde vai. saber actuar e também aplaudir.
é preciso fazer perguntas e dar respostas, porque o não escolher, é uma escolha feita sobre si mesma. é preciso nunca desistir, mesmo que se mude de sentido. ser incansável, consciente, convicto.
dar o braço a torcer e torcê-lo se for preciso. é preciso ser gente, e assumir o mal que fazemos á gente, quando nem gente sabemos ser. no fundo, ainda é preciso muito mais. que isto.

nostalgias vãs.

(e este aqui fica, em nome de domingo)



' .. o tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,
como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,
mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.
eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar,
que eu amava quando imaginava que amava. era a tua
a tua voz que dizia as palavras da vida. era o teu rosto.
era a tua pele. antes de te conhecer, existias nas árvores
e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.
muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade.'
José Luís Peixoto

ser o que sou.

'(...) Sou um tudo nada de Bud Spencer com um travo a Terence Hill.
Inconstante como Bart e soturno como Moe.
Com a sanguinidade de Manson, aliciada á mestria de Dillinger.
Um Ché sem boina na língua de Xanana. Um Negreiros mais negro e nefasto que Pessoa.
Um Dali nas solas de Ghandi. Um Trump com a carteira de Cristo.
Eu sou a sombra de Ana Bolena na impetuosidade de Napoleão.
Sou um Lenine á portuguesa que se mascára de Manuel Cruz.
Não mais que um olhar de Bolívar simulado na ponderância de Confúcio. (...)'
Bruno Lopes



(este era devido, em nome do que faltou sábado)