Friday, June 18, 2010

os n's emocionais.

saco uns quantos termos estranhos da cartola, de forma a poder lançar este texto até aos limites que o proponho.
o primeiro destes, é algo que eu já noto há uns tempos: um 'novo-riquismo' emocional que anda por aí. antes de mais, é preciso perceber o que é o 'novo-riquismo', e por tal, entendamos aquilo que é referente aos novos ricos. ora, estes são vincados pelo snobismo, o orgulho infundado, o mérito não merecido, o reclamar de uma tradição/experiência inexistente. pois bem, é neste pé que eu tenho visto os sorrisos e as lágrimas de muita gente que p'raí anda. há todo um forçar de posições e de suposições em algo que deveria ser simples. o amor é isso, simplicidade. sem egos, estatutos ou imposições. mas parece que anda tudo doido, e isso mata-me. parece que hoje, tudo ama de nariz empinado e de carteira de títulos sentimentais debaixo do braço; parece que tudo ama como quem investe, ora comprando, ora vendendo, e com um rei na barriga que, aparentemente, é omnisciente nas questões do coração.
outra das cartas que trago da manga, muito perto da primeira mas igualmente distante, é algo que eu definirei por: 'nova-yorquinismo' emocional. mais uma vez partamos da raiz; 'nova-yorquinismo', aquilo que é referente a Nova York. falamos da cidade da cultura de massas por excelência, a cidade do cliché, do glamour previsível.
e sim, também por estas ruas anda o amor e a paixão. é a cultura do fácil, do amor fast food, do amor que passa na tv e que dá nos filmes. as relações, hoje, querem-se passadas a papel químico do Crepúsculo ou do Sexo e a Cidade; tem que ser um amor digno de Cannes, o que esta gente hoje quer. mas olhem, infelizmente, esse já esgotou. temos pena.
aqui, a minha mãe diria 'tento na língua', eu direi, 'tento nas cabeças e nos corações'.
o amor é que faz burrices, mas as pessoas é que parecem ter o cérebro cheio de feno. enfim.






ps.: hoje ruiu um dos alicerces da língua lusa. e aposto, que ele seria um dos poucos a concordar com a crónica que está acima. como tal, em singela e mui fraca homenagem, o excerto hoje é para o 'zé'.






'deveria isto bastar, dizer de alguém como se chama e esperar o resto da vida para saber quem é, se alguma vez o saberemos, pois ser não é ter sido, ter sido não é será, mas outro é o costume, quem foram os seus pais, onde nasceu, que idade tem, e com isto se julga ficar a saber mais, e às vezes tudo'
josé saramago