Thursday, February 11, 2010

Daily entry 2.01

Eu já não paro p'ra pensar ; penso, penso, penso, e às vezes paro. Hoje precisei de ouvir o som dos autocarros e sentir o cheiro a queimado para me sentir vivo. Precisei de ver a cidade para acreditar que faço parte dela, que existo.
Sentado em frente da tela cada vez mais me sinto velho; cavam-se fundos poços onde antes tinha olhos, ganho rugas naquilo que outrora foi acreditar.
Alguém ainda disse "estás diferente".
E eu já não sei ao que me soube, porque já não sei o que mudar me trouxe e me levou.

O corropio alertou-me os sentidos, mas precisei de caminhar e ver pessoas. Não ver sítios ou coisas, não, ver alguém ou algo, mas só ver. Ver e pensar nisso, por muito que o meu olhar e o meu pensamento se tenham desencontrado mais de mil vezes no fundo da minha caixa craniana. A moléstia prende-me os membros e tenho a vontade tolhida.

Tu tens medo de mim, não tenhas medo de amar também. Agora é sentir e viver com isso.
Eu já sei o que tu és, falta que tu descubras o queres que eu seja.
E eu sê-lo-ei até não sentir mais vida, até me cansar a profundeza da alma, até que me deixes morrer.
Mas até esse fôlego, basta dizeres, que eu sou.

Se me pedisses que arrancasse contigo nesse comboio que te leva e me deixa, eu não hesitaria dois segundos, e mesmo sem malas nem bagagens, partiria, só com a roupa do corpo, mas com o coração e alma bem aviadas de sonhos e de esperanças.
Se não mo pedires, eu cá ficarei à espera que voltes, e aquecer-me-ei em mundos só nossos, até ao meu ultimo respirar.


"Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria."
P.N.

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